sexta-feira, 25 de março de 2011

O MEDO DE SOFRER É PIOR QUE O SOFRIMENTO

Por: Lemos, Tiago

As dificuldades que enfrentamos em nosso dia-a-dia, nos transportam a alguns patamares da vida. Os quais deveram adaptar-nos, para nos apresentarmos diante da vida com um desempenho implacável.

Ao chegar ao mundo, nossos pais estampam em seus olhos um brilho o qual resplandece, irradiam e contagiam as pessoas que estão ao redor. Sabem que a alegria que vem ao mundo será mais uma criança com “saúde.” (Palavra que ouvimos tanto quando sabemos que uma nova vida está para chegar.)

Ao nascer, a tamanha satisfação em querer saber se o sexo da criança é o que os médicos haviam detectado em diversos exames, antes do nascimento. E então confirmado, está a mais nova alegria para a família.

Infelizmente, os pais não sabem que seu lindo filho tem de transpor enumeras barreiras para chegar a lugares que poucos pés pisaram. Claro que os pais também passarão por algumas etapas, ao descobrir que seu lindo filho-filha, possui algo que na gestão não fora detectado. A partir de então surgi: A tal da Angustia, medo e sofrimento! O que terão de enfrentar?
Virão diversas perguntas, sem respostas. E o medo do sofrimento tornou-se amigos inseparáveis.

Iniciar a vida, ao descobrir que na família chegou uma criança “deficiente”. O que não saberão o que fazer... Dará um tempo, ao espalhar aos amigos e parentes. Por terem, medo do sofrimento?

Idas e vindas aos consultórios médicos. Quantas perguntas, as quais não encontram respostas. Tanto sofrimento. Por saber que seu pequeno e inocente bebê, terá de enfrentar o mundo cruel.
O que era para ser uma criança “saudável”. Cresceu uma pessoa com “deficiência”. Infelizmente não é mais visto aos olhos naturais, uma “linda criança saudável”. E apontado aos olhares, o rotulo de “pessoa com deficiência”.
Enfrentar a sociedade e os olhares da família. E apresentar ao mundo de modo natural. Não será tarefa fácil a esses pais. Para tantos momentos assim, requerem jogo de cintura, criatividade, leveza. Mas se nada disso vem se não tivermos sabedoria para descobrir rotas alternativas.

Um dia criança. Hoje um adulto. A partir de então começa a dar os primeiros passos a caminho da vida. “Talvez uma vida alternativa”. Mas, o que seria essa vida?
Vagar lado a lado, com os medos, os preconceitos e os estereótipos. Lutar contra tantos rótulos os quais impuseram, será árduo pisar sobre esses espinhos.
Por tanto precisará de muita sabedoria. Sem sabedoria levamos tudo a sério demais. Por isso se diz que os sábios se aproximam das crianças. Pois, tal como as crianças, os sábios sabem que neste mundo nada é definitivo.

Passam se os anos. Agora um ser crescido, e inteligente o suficiente, para decifrar as flechas dos tantos olhares preconceituosos, vindo de todos os lados. Caminhar com tanto medo, por um caminho sombrio, não será fácil. Mas precisar encarar a vida com os olhos reais. E acreditar que a vida conduz ao o sucesso. Encarar os imprevistos da vida como uma chance de brincar de algo diferente. (Talvez seja uma das alternativas). Muitas vezes, sem sabedoria, nos fixamos no momento presente e esquecemos de que aquela situação é apenas um pedacinho de um quadro muito maior. Esquecemo-nos de que, muitas vezes, o que parecia um verdadeiro desastre era, na verdade, um movimento protetor, nos empurrando em direção a um lugar muito melhor. Mas enxergar assim perante o turbilhão, quando a visão fica ofuscada, torna-se quase que impossível. Recolher os cacos que ficam no caminho e juntar os pedaços, como quebra cabeça, necessita de muita, mas muita energia e jogo de cintura para driblar, o não planejado.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Visão de um cego

Caríssimo leitor deste blog ou você que resolveu me fazer uma visita!
Em um dia qualquer, e comum. Igual o de hoje, recebi uma ligação inesperada, de um amigo. O Qual conheci, em minhas andanças pelas empresas da vida. Trabalhamos por pouco tempo juntos, mas o suficiente para apreciar a aura de um ser...

Do outro lado da linha, escutava uma voz masculina e familiar. Sabia de quem era, mas não arrisquei chamá-lo pelo nome. Havia pouco mais de um ano que não nos falávamos. Dentre uma conversa e outra. Tantos assuntos, e por fim, resolveu me fazer um pedido. O qual parecia ser tão complexo em sua cabeça, pedir algo para um amigo. Pois nunca havia pedido isso antes para ninguém. Condirá para uma pessoa, que não pôde enxergá-lo.

Que solicitação inesperada! Um tanto perdido, mas, recusar tal pedido para um amigo não seria nada cordial de minha parte. Aceitei imediatamente o desafio e enfim rabisquei... Entre uma frase poética e a descrição, saiu o que saiu. E você poderá apreciar logo abaixo.



Visão de um cego


Descrever alguém sem ver é um desafio para qualquer pessoa. Principalmente para quem não tem como enxergar, isso fica tão complexo, porém não impossível.

Pois os olhos que não podem ver o brilhar do sol quando o dia acorda, pode sentir o calor dos raios, ultravioletas, e o deitar da tarde ao se aproximar da noite estrelada, com o clarear da lua em um céu escuro para dormi do sol.

Penso! Sem muito me cansar!
De que forma, eu formo o formato escultural humano?

Tenho eu, como desenhar, em minhas poucas palavras, os traços de uma face que nunca pude ver?

A resposta até tenho para minha indagação, porém somente eu, conseguirei retirar dos estilhaços da minha mente.

Formas e formatos de um rosto, brilhos de dois olhos que podem ver o nascer do dia e o dormir da noite; cabelos claros que se cobrem de orvalhos da madrugada, quando se corre de lá, para cá, em busca de algo, sobrepondo à cabeça. Que possui tantos sonhos, que por sua vez pouco revelado; Jovem de aparência humilde, mas por dentro a uma riqueza impossível de comensurar.

Desafio para mim! Após 10 anos de visão ocultada pelo glaucoma, irei desdenhar um ser humano em formas não mais vista pelos meus olhos!

Foram pouco tempo de convivência. Mas tempo suficiente para enxergar em sua essência, um jovem de um coração nobre, e único.

Sei que cada ser humano é único e insubstituível!
Quem pode substituir Beethoven?
Assim não poderemos ser substituíveis! Somos apenas uma única pessoa, um indivíduo insubstituível!

Rapaz, de pele branca!
Claro, mais quem me garante que tem pele branca?
Nunca lhe enxerguei, nem ao menos toquei, para saber a espessura de sua pele.
Confesso, me vejo perdido.
Pois o que, e belo por fora? Se só tenho a visão de dentro!
Enxergar é um ponto de vista; vista de fora para dentro!

O difícil é descrever, se não posso lhe enxergar.
Com algumas palavras vindas do coração, arriscarei aqui a melhor forma de lhe desenhar.

Traços, riscos, espessuras, formatos, me faltam palavras quando quero me lembrar!

Seus olhos fixos verdejantes, na tela de um computador. Contrastes castanhos que enxerga à distância as pessoas que lhe cercam!
Muitos observam a beleza das cores destes olhos. E esquecem que por trás desse rosto tem sentimentos nobres e sensíveis. Sentimentos que não são perceptíveis em sua face, mas com algumas atitudes consegue demonstrar o quanto sonhar com o futuro lhe faz seguir a diante. Diante de sonhos distantes, mas não impossível para esse rapaz sonhador.

Bem! Apenas com meus olhos da alma, que consigo enxergar e observar. Desse jeito que posso avaliar!

Sua estatura de 1,75 pode ser visto a distância. Mas como digo: “sua alma invejável, de um jovem sonhador, poucos terão o prazer de ver. Apenas com os olhos da alma, que é esse que eu tenho, consigo lhe imaginar quanto simples deve ser”!


“Faz tornar possível, aquilo que é óbvio”!

POR: Lemos, Tiago

terça-feira, 8 de março de 2011

Trampolim para contratações ou inclusão?

Empresas que prestam serviços de consultoria para contratações de profissionais com deficiência têm um trabalho de inclusão teoricamente “Chamativo”, mas a pratica da “inclusão” é feita de uma forma peculiar.

Infelizmente alguns processos seletivos são realizados de formas ainda “engessados”.

As empresas prestadoras de serviços que atuam na colocação, friso “colocação”, desses profissionais com algum tipo de limitação, possuem visões apenas de ”contratação”. Ações que raramente são realizadas de um modo inclusivo. Acredito que não compreenderam a essência do termo inclusão que é o ato ou efeito de incluir.

Infelizmente as consultorias, que realizam tal atividade junta às empresas parceiras, não têm a preocupação de “ação inclusiva”, mas, sim a atitude de contratar apenas para atender a demanda de “cotas”, da contratante, para fugir ou escapar da multa que por sua vez não é um valor baixo. E quando falamos em valores, a face de muitos empregadores mudam. Nesse momento é que entra as solicitações inesperadas de processos seletivos.

Nos processos para contratações de profissionais com deficiência, vejo um agravante: as empresas determinam o grau da limitação que o profissional deva possuir. Isso não significa que o perfil tenha sido desenhado, mas, visando a não adaptações, e gastos que deverão existir. As delimitações são impostas aos prestadores. Para melhor atender seus clientes e não deixar de levantar receitas, as indagações são poupadas ou até mesmo esquecidas, aliás, passam a ser ignoradas.

Então chega o momento em que as prestadoras de serviços (consultorias), colocam suas mãos na massa. Realizam as buscas dos profissionais com deficiências leves. Deficiências as quais não precisem de mudanças arquitetônicas, não havendo necessidade de barras de apoio nos toaletes para os cadeirantes ou adquirir ferramentas de leitores de telas (adaptadores de computadores) entre outras. A compra de software e adaptações, ainda é vistas por grande parte dos empregadores como “gastos.” A qual passa a ser um dos limitadores de contratações de profissionais com deficiência severa. A partir de então o papel não possui caráter “inclusivo,”, mas, será de cumprimento de “cota”.

Em alguns bate-papos informais, com um grupo de amigos com deficiência visual, em especial (cego), diagnostiquei um índice de insatisfação com estas empresas e consultorias, no tocante a contratação dos profissionais com limitações severas. A maior insatisfação e angústias de muitos profissionais (cegos), sempre são as mesmas. Infelizmente as consultorias pouco auxiliam os profissionais com cegueira total na colocação e recolocação.

O lema destas empresas e : Atender o cliente. Muitas vezes não inserindo o profissional melhor qualificado, mas sim o que não trará “custos” adicionais, para o empregador.

Dizer que fazem papel de inclusão social e profissional, desses profissionais com deficiência é muito fácil. Mas por quais motivos os cegos, cadeirantes e pessoas com limitações reduzidas não são recolocados por algumas consultorias? Que momento entra o papel de inclusão? Se o papel da consultoria é facilitar a busca dos profissionais qualificados e a inserção de modo igualitário, onde fica a inclusão dos cegos bem qualificados?

“Vagas para cursos de treinamento” como dizem de “desenvolvimento" sempre abrem para oferecer aos cegos. Esqueceram que cegos, cadeirantes e surdos qualificados querem atuar em sua área de formação acadêmica! Será que mesmo com pós-graduação e MBA o sujeito cego ou com qualquer tipo de deficiência não possui condições de exercer funções de responsabilidades como qualquer outra pessoa com ou sem deficiência? Não devemos subestimar a inteligência dessas pessoas por conta de serem presenteados pela vida, com uma limitação.

Vamos incluir! A inclusão é para todos ou para alguns?

POR: Lemos, Tiago