terça-feira, 8 de março de 2011

Trampolim para contratações ou inclusão?

Empresas que prestam serviços de consultoria para contratações de profissionais com deficiência têm um trabalho de inclusão teoricamente “Chamativo”, mas a pratica da “inclusão” é feita de uma forma peculiar.

Infelizmente alguns processos seletivos são realizados de formas ainda “engessados”.

As empresas prestadoras de serviços que atuam na colocação, friso “colocação”, desses profissionais com algum tipo de limitação, possuem visões apenas de ”contratação”. Ações que raramente são realizadas de um modo inclusivo. Acredito que não compreenderam a essência do termo inclusão que é o ato ou efeito de incluir.

Infelizmente as consultorias, que realizam tal atividade junta às empresas parceiras, não têm a preocupação de “ação inclusiva”, mas, sim a atitude de contratar apenas para atender a demanda de “cotas”, da contratante, para fugir ou escapar da multa que por sua vez não é um valor baixo. E quando falamos em valores, a face de muitos empregadores mudam. Nesse momento é que entra as solicitações inesperadas de processos seletivos.

Nos processos para contratações de profissionais com deficiência, vejo um agravante: as empresas determinam o grau da limitação que o profissional deva possuir. Isso não significa que o perfil tenha sido desenhado, mas, visando a não adaptações, e gastos que deverão existir. As delimitações são impostas aos prestadores. Para melhor atender seus clientes e não deixar de levantar receitas, as indagações são poupadas ou até mesmo esquecidas, aliás, passam a ser ignoradas.

Então chega o momento em que as prestadoras de serviços (consultorias), colocam suas mãos na massa. Realizam as buscas dos profissionais com deficiências leves. Deficiências as quais não precisem de mudanças arquitetônicas, não havendo necessidade de barras de apoio nos toaletes para os cadeirantes ou adquirir ferramentas de leitores de telas (adaptadores de computadores) entre outras. A compra de software e adaptações, ainda é vistas por grande parte dos empregadores como “gastos.” A qual passa a ser um dos limitadores de contratações de profissionais com deficiência severa. A partir de então o papel não possui caráter “inclusivo,”, mas, será de cumprimento de “cota”.

Em alguns bate-papos informais, com um grupo de amigos com deficiência visual, em especial (cego), diagnostiquei um índice de insatisfação com estas empresas e consultorias, no tocante a contratação dos profissionais com limitações severas. A maior insatisfação e angústias de muitos profissionais (cegos), sempre são as mesmas. Infelizmente as consultorias pouco auxiliam os profissionais com cegueira total na colocação e recolocação.

O lema destas empresas e : Atender o cliente. Muitas vezes não inserindo o profissional melhor qualificado, mas sim o que não trará “custos” adicionais, para o empregador.

Dizer que fazem papel de inclusão social e profissional, desses profissionais com deficiência é muito fácil. Mas por quais motivos os cegos, cadeirantes e pessoas com limitações reduzidas não são recolocados por algumas consultorias? Que momento entra o papel de inclusão? Se o papel da consultoria é facilitar a busca dos profissionais qualificados e a inserção de modo igualitário, onde fica a inclusão dos cegos bem qualificados?

“Vagas para cursos de treinamento” como dizem de “desenvolvimento" sempre abrem para oferecer aos cegos. Esqueceram que cegos, cadeirantes e surdos qualificados querem atuar em sua área de formação acadêmica! Será que mesmo com pós-graduação e MBA o sujeito cego ou com qualquer tipo de deficiência não possui condições de exercer funções de responsabilidades como qualquer outra pessoa com ou sem deficiência? Não devemos subestimar a inteligência dessas pessoas por conta de serem presenteados pela vida, com uma limitação.

Vamos incluir! A inclusão é para todos ou para alguns?

POR: Lemos, Tiago

3 comentários:

  1. Tiago,

    Realmente temos um longo caminho a percorrer pela introdução das pessoas com deficiência no mercado.
    Infelizmente a maioria das consultorias, que supostamente deveriam ser uma ponte para a chamada "inclusão", não estão interessadas no profissional com deficiênia, mas sim, nos lucros que ganharão de seus clientes.

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  2. assim eu começo o comentário assim sempre me questiono como que um tetraplégico se forma e as vezes não consegue trabalhar por depender dos outros sempre.
    qual será o critério de contratação deles?
    obs: muitas pessoas podem não concordar comigo

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  3. Tiago, caro amigo!

    Parabéns pela iniciativa em montar este blog. Espero que este instrumento seja mais uma ferramenta para que possa alcançar o sucesso tão esperado. Você tem talento e chegará longe.

    Infelizmente o mundo tornou-se muito individualista. Os seres humanos e as empresas, que são dirigidas pelas pessoas, são imediatistas, visam o lucro e olham para o seu próprio umbigo, como bem demonstra seu texto. A humanidade torna-se a cada dia mais igual e, portanto, não se permite enxergar e aceitar a diferença que, lamentavelmente, acaba esquecida. Mas há homens que lutam um dia e são bons, porém aqueles que lutam a vida toda são imprescindíveis - você, eu e milhares de deficientes/eficientes, espalhados pelo chamado Planeta Terra.

    Conte comigo! E vamos em frente, com uma mentalidade sempre à frente da mesmice social!

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